subsidiárias da Apple funcionam em iClouds onde não há Estado nem impostos

por Rafael Evangelista em 23 de maio de 2013, Comentários desativados em subsidiárias da Apple funcionam em iClouds onde não há Estado nem impostos

Quando os paraísos fiscais não são baratos o bastante…

Parece que a a Apple está levando a sério demais a falácia de que conteúdos em nuvem não existem em lugar nenhum. Tão a sério que a está usando para evitar o pagamento de bilhões de dólares em impostos, tanto nos EUA quanto no exterior.

Do NYTimes

Investigadores do Congresso descobriram que algumas das subsidiárias da Apple não tinham funcionários e foram em grande parte dirigidas por altos funcionários da sede da empresa em Cupertino, na Califórnia Mas, localizando-os oficialmente em lugares como a Irlanda, a Apple foi capaz de, com efeito, torná-las sem Estado – isentas de impostos, manutenção de registos legais e da necessidade de as subsidiárias apresentarem até mesmo declarações fiscais em qualquer lugar do mundo.

Ainda assim:

Os investigadores não acusaram a Apple de violar nenhuma lei e a empresa não é a única multinacional americana a enfrentar escrutínio sobre a utilização de estruturas empresariais complexas e paraísos fiscais para contornar impostos. Nos últimos meses, revelações de autoridades europeias sobre as estratégias de evasão fiscal utilizadas pelo Google, Starbucks e Amazon têm despertado a ira pública, estimulando vários governos europeus (…) a discutirem medidas para sanar as brechas legais.

E a cara de pau:

Ainda assim, o caso da Apple é notável​​, tanto para a enorme quantidade de dinheiro envolvido quanto pela audácia da empresa em afirmar  suas subsidiárias estão além do alcance de qualquer autoridade tributária

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passeie na Disney sem colocar a mão na carteira!

por Rafael Evangelista em 22 de maio de 2013, Comentários desativados em passeie na Disney sem colocar a mão na carteira!

É isso mesmo! Pode deixar que o Mickey pega o dinheiro pra você!

Tanta ~facilidade~ só poderia ter um nome fantástico: MagicBand, a pulserinha spychip do Pateta. Ok, o slogan fui eu que inventei mas o nome é esse mesmo: MagicBand porque se trata de uma wristband com RFID que a Disney pretende colocar para funcionar em seus parques ainda neste ano. Com ela, você vai poder fazer compras eletronicamente, abrir a porta de seu quarto de hotel, estacionar o carro sem pegar papelzinho e, se for mais ousado e desencanado com a privacidade, poderá ser cumprimentado pelo nome pelos personagens do seu Walt..

O RFID é um chip milimétrico, nesse caso instalado em uma pulseira, que emite dados a curtas distâncias. Tem sido testado principalmente em esquemas anti-furto (a matéria do Independent que estou usando como fonte fala de um experimento em que barbeadores Gillete equipados com RFID foram monitorados por câmeras, que acompanhavam seu percurso pelos corredores de um supermercado).

O Coachella, popular festival da Califórnia, usa um sistema com RFID. Steve Daly, um cara pago pelos fabricantes da tecnologia, vende o peixe dele:

“Você pode colocar diferentes módulos sobre ele: ingressos e controle de acesso, pagamentos sem papel, integração de mídia social … Então você pode ter dessa pessoa dados cadastrais – sua idade, código postal -, juntamente com o que eles gostam de consumir, quem são seus amigos e onde eles gostam de se socializar. Este é um dado muito rico que não é realmente disponível em qualquer outro lugar. ”

É isso aí, além de pagar o ingresso você ainda entrega seu perfil de consumidor pros caras. Mas, poxa, o treco pode postar automaticamente no Facebook que show você tá vendo, massa né?

O que desperta o receio dos que questionam o uso da tecnologia é a integração de dados, que se torna possível e fácil, praticamente trivial. A anonimização é, em tese, possível, mas isso tira pouco do valor de uso comercial dos dados pessoais. Além disso, dada as facilidades, a questão de aderir ou não ao sistema se torna uma falsa escolha: números da própria indústria apontam que a aceitação vai pra mais de 90%.

 

 

Joguinhos são a nova Hollywood (um sobre uso de dados pessoais)

por Rafael Evangelista em 22 de maio de 2013, Comentários desativados em Joguinhos são a nova Hollywood (um sobre uso de dados pessoais)

Nem Costa-Gavras nem Oliver Stone me deixam mentir: filmes sempre foram uma empreitada cultural bem eficaz para se dar um toque sobre coisas políticas que andam rolando e despertar o AWARENESS na galera.

Agora tem rolado isso com jogos também, ao que parece. O que é massa porque é muito mais barato.

Tava aqui com um link na manga de um game sobre vigilância. Não encontrei mas me deparei com este outro, sobre dados pessoais. Ótimo, porque esse é um assunto importantíssimo (tem gente que diz que o capitalismo tá se refazendo em cima disso) mas intangível pra diabo. Se liguem:

 

Jogue o lml DEMO lml lá: http://datadealer.com/play/

agora você também pode

por T. C. Soares em 20 de maio de 2013, Comentários desativados em agora você também pode

O governo dos EUA publicou um livro ensinando agentes secretos a espionar a internet. E você pode baixar o PDF.

O tomo de 643 páginas, chamado “Untangling the Web: A Guide to Internet Research” (.pdf) (em português, “Desembaraçando a Web: Um Guia Para Pesquisas na Internet”), foi lançado pela NSA (sigla para National Security Agency). O ato foi uma resposta a uma requisição do FOIA (sigla para Freedom of Information Act) apresentado em abril pelo MuckRock, um site que cobra taxas para processar registros públicos para ativistas e outros.

O livro foi publicado pelo Centro de Conteúdo Digital da National Security Agency, e está cheio de conselhos para a utilização de motores de busca, do Internet Archive e de outras ferramentas online. Mas o mais interessante é o capítulo intitulado “Google Hacking”.

Digamos que você é um ciberespião da NSA e quer informações sensíveis privilegiadas sobre empresas na África do Sul. O que fazer?

É só buscar planilhas confidenciais do Excel que a tal empresa tenha inadvertidamente publicado online digitando no Google “filetype:xls local:za confidencial”, explica o livro.

Quer encontrar planilhas cheias de senhas na Rússia? Digite “filetype:xls local:ru login” Mesmo em sites escritos em idiomas diferentes, os termos “login”, “UserID” e “password” são geralmente em inglês, apontam prestativamente os autores.

A National Security Agency (Agência de Segurança Nacional, em inglês) é o órgão de inteligência responsável pelo monitoramento de informações e sistemas criptográficos nos EUA. O livro pode ser encontrado aqui.

(Da Wired)

muito complicado ser espião no facebook

por T. C. Soares em 17 de maio de 2013, Comentários desativados em muito complicado ser espião no facebook

No começo desta semana, a Rússia prendeu um embaixador dos EUA acusado de espionagem. Pelas alegações de Moscou, o americano, chamado Ryan Fogle, estaria envolvido numa ação de cooptação de funcionários russos para que trabalhassem junto ao serviço de inteligência dos Estados Unidos. Tudo bem que na sequência ele foi liberado e entregue a funcionários do Departamento de Estado dos EUA. Mas deu aquele gostinho de Guerra Fria no noticiário da semana.

Agora legal mesmo foi saber que o alegado espião curtia compartilhar sua agenda de trabalho com os amigos da timeline do Facebook.

O perfil de Ryan Fogle no Facebook é marcado como privado – nenhuma informação ou foto pessoal estão disponíveis para o público -, mas o jovem diplomata tem mais de 200 amigos na rede social. O Wall Street Journal teve acesso a pedaços do perfil de Fogle através de seus amigos, e os relatos que oferece chegam a “detalhes sobre sua vida social, contatos e planos de viagem.” Esses detalhes incluem fotos de um bunker da Guerra Fria em Moscou e brincadeiras com os colegas sobre seus planos de viagem, incluindo rotas de vôo e as datas em que pretende viajar.

Enquanto agentes da CIA seriam supostamente encorajados a manter uma presença bastante ativa na mídia social, não deveriam publicar detalhes de projetos de trabalho ou viagens. Eles são, porém, liberados para incluírem fotos e notas pessoais de viagem, o que poderia explicar a divulgação dos planos de voo de Fogle como uma cobertura – o suposto espião deveria se passar por um diplomata regular.

O Wall Street Journal também mergulha no dilema das amizades de Facebook entre colegas de trabalho: funcionários que atuam à paisana mas são amigos em mídias sociais poderiam ser expostos através de análise de contatos, diz o jornal. Mas ao mesmo tempo, “de-friendings” em massa poderiam alertar para seu status de infiltrado.

De todo modo, pra além dos conhecidos problemas nos serviços e na política de privacidade do Facebook, a Rússia também parece ter alguma tecnologia do stalking em redes sociais. Não faz muito tempo, surgiram acusações de que a rede social mais popular do país repassaria os dados de todos seus usuários para o Kremlin.

todo mundo agora

por T. C. Soares em 17 de maio de 2013, um comentário

Dois desenvolvedores chamados Stephen LaPorte e Mahmoud Hashemi criaram um mapa que te permite ver em tempo real as edições feitas na Wikipedia. Usando algumas ferramentas de código aberto, eles construíram uma página que sincroniza geolocalização com a atividade dos usuários contribuintes da Wikipédia em várias línguas, e o resultado aparece mais ou menos assim:

wikipedia

Acompanhar a velocidade e amplitude do trabalho de edição é uma coisa meio hipnotizante. E dá uma noção do tamanho gigantesco que a Wikipedia ganhou na cultura popular global.

Pra ver é só clicar aqui.

cobaiolândia

por T. C. Soares em 15 de maio de 2013, 2 comments

Larry Page, metade da dupla que fundou o Google, participou hoje de uma seção de perguntas e respostas na conferência anual da companhia. E ele falou que acha uma boa transformar um pedaço do planeta num laboratório desregulado.

Em resposta a uma pergunta sobre como reduzir a negatividade e concentrar-se em mudar o mundo, Page observou que “o ritmo de mudança está aumentando”, e disse que “ainda não adaptamos sistemas para lidar com isso.” Especificamente, ele falou que “nem toda mudança é boa” e lembrou que é preciso construir “mecanismos para permitir a experimentação.”

Foi quando sua resposta ficou realmente interessante. “Há muitas coisas excitantes que podemos fazer que são ilegais ou não permitidas pelas regulamentações”, afirmou Page. “E isso é bom, não queremos mudar o mundo. Mas talvez possamos separar uma parte do mundo.” Ele comparou essa zona de livre experimentação potencial ao Burning Man e disse que precisamos de “alguns lugares seguros onde possamos experimentar coisas e não ter que implantá-las no mundo inteiro.”

o iceberg e seu topo

por T. C. Soares em 14 de maio de 2013, Comentários desativados em o iceberg e seu topo

Esta semana uma das pautas centrais sobre a relação entre poder e imprensa foi a descoberta de que o governo dos EUA teria espionado a Associated Press.

O Departamento de Justiça dos EUA secretamente obteve dois meses de registros telefônicos de repórteres e editores da Associated Press (AP), no que um alto executivo da cooperativa de imprensa chamou de “intrusão enorme e sem precedentes” na forma como as empresas de noticias organizam suas informações.

Os registros obtidos pelo Departamento de Justiça listam chamadas recebidas e efetuadas – bem como a duração de cada conversa – para os números de telefone pessoais e de trabalho de jornalistas, além de números gerais de escritório da AP em Nova York, Washington e Hartford, Connecticut, e o número principal da AP para seus jornalistas na Câmara dos Deputados, afirmam os advogados da companhia.

Ao todo, o governo apreendeu os registros de mais de vinte linhas telefônicas atribuídas à AP e seus jornalistas em abril e maio de 2012. O número exato de repórteres que usaram essas linhas telefônicas durante o período é desconhecido, mas mais de cem jornalistas trabalham em escritórios cujos registros telefônicos receberam grande variedade de histórias sobre o governo e outros assuntos.

A coisa nesses termos já parece meio errada. Mas tudo ganha mais intensidade se levarmos em consideração o depoimento de um ex-agente do FBI dado pouco mais de uma semana antes disso tudo vir à tona

Numa entrevista ainda investigando os atentados de Boston, o ex-agente do FBI Tim Clemente afirmou à CNN que essencialmente toda comunicação digital dos EUA estaria aberta ao escrutínio do governo. E mais que isso: cavando um pouco mais, daria pra afirmar até que a rede de telecomunicações dos EUA seria arquitetada pra facilitar esse trabalho todo. É o que fala um engenheiro sobre sua passagem por uma das principais companhias de telecomunicação dos Estados Unidos, a AT&T:

O ex-engenheiro da AT&T Mark Klein revelou que telecoms teriam construído uma rede especial que permite à Agência de Segurança Nacional (National Security Agency, ou NSA, na sigla em inglês) o acesso completo e irrestrito aos dados das chamadas telefônicas e ao conteúdo das comunicações de e-mail de todos seus clientes. Especificamente, Klein explicou que “a NSA criou, com a colaboração da AT&T, um sistema que ‘chupa’ todos os dados da internet e das chamadas telefônicas” e que “contrariamente à representação que o governo faz, de que seu programa de vigilância visaria terroristas no exterior, …grande parte dos dados enviados através da AT&T para a NSA seria puramente doméstica.” De todo modo, suas revelações surpreendentes foram ignoradas e, quando o Congresso retroativamente imunizou gigantes das telecomunicações por sua participação nos programas de espionagem ilegal de (George W.) Bush, as afirmações de Klein acabaram impedidas de ir a julgamento em tribunal.

Ainda bem que as telecoms só fazem isso em países tipo os Estados Unidos.

pingando a internet inteira

por Rafael Evangelista em 9 de maio de 2013, Comentários desativados em pingando a internet inteira

Olha o desenho aí embaixo. Foi o retorno que um sujeito conseguiu ao tentar fazer um ping na internet inteira.

Você provavelmente nunca ouviu falar de HD Moore, mas até algumas semanas atrás todos os dispositivos de Internet no mundo, talvez incluindo alguns em sua própria casa, foram contactados cerca de três vezes ao dia por uma pilha de computadores em pleno superaquecimento em um quarto. “Eu tenho um monte de equipamentos de refrigeração para garantir que minha casa não pegue fogo”, diz Moore

(…)

Moore já colocou a diversão em pausa. “Isso levou a um monte de reclamações, mensagens de ódio e chamadas de atenção de figuras da lei”, diz ele. Mas os dados coletados revelaram alguns problemas de segurança graves e a exposição de alguns sistemas comerciais e industriais vulneráveis​​, dos tipos utilizados para controlar tudo, desde de semáforos à infra-estrutura de energia.

O censo de Moore envolveu o envio regular de mensagens simples, automatizadas, para cada um dos 3,7 bilhões de endereços IP atribuídos a dispositivos conectados à Internet em todo o mundo (…). Os dois terabytes (2000 gigabytes) de respostas recebidas, vindos de 310 milhões de IPs, mostram que eles vieram de dispositivos vulneráveis, com falhas conhecidas ou configurados de uma maneira que poderia permitir alguém assumir o controle deles.

Matéria da Technology Review

Direitos Civis contra Stingray

por Rafael Evangelista em 9 de maio de 2013, Comentários desativados em Direitos Civis contra Stingray

Segue o bonde da vigilância.

Tem nome de vilão do 007, mas é um dispositivo de vigilância para o qual juízes americanos acabaram de dar um joinha.

O Stingray, às vezes descrito como um “IMSI catcher”, é um transceptor usado pelo FBI para localizar os suspeitos. (…) ele envia um sinal que engana os telefones de uma determinada área, fazendo-os entrar em uma rede falsa. Grupos de liberdades civis questionaram a legalidade da implantação do Stingray, sobretudo porque ele intencionalmente reúne dados de telefones de pessoas inocentes e interfere com os sinais de uma maneira que pode ser considerada ilegal pela Lei Federal de Comunicações.