Em pouco mais de um mês, o valor do bitcoin, aquela moeda da internet amada pela direita liberalóide sem garantia de um Banco Central, foi de US$ 13,50 para US$ 250,00. Te parece uma bolha? Bom, é o que está todo mundo achando.
Agora, a parte mais louca dessa história é a origem dessa alta procura pela moeda. Segundo a Vanity Fair:
O que causou este salto sem precedentes, que se traduz em um retorno de 4 mil porcento em um ano? O consenso geral é de que a crise financeira no Chipre, que levou a propostas para mexer contas bancárias nacionais, desencadeou um pânico entre os espanhóis, que temiam que o tumulto iria atravessar o Mediterrâneo e colocar as suas poupanças em risco. Números tão grandes de eles converteram seus euros em Bitcoins digitais.
Mas é mentira que a parte mais louca da história é esse último boom. TODA a história do bitcom é louca.
Essa matéria da Wired, de 2011, é bem boa e conta toda a história, desde a criação até uma outra bolha já vivida pelo bitcoin. Começa assim:
Em 01 de novembro de 2008, um homem chamado Satoshi Nakamoto postou um trabalho de pesquisa, para um lista eletrônica obscura de criptografia, descrevendo seu projeto para uma nova moeda digital que ele chamou de bitcoin. Nenhum dos veteranos da lista tinha ouvido falar dele, e a pouca informação que poderia ser adquirida era obscura e contraditória. Em um perfil online, ele disse que viveu no Japão. Seu endereço de e-mail era de um serviço gratuito alemão. Pesquisas do Google para o seu nome não mostraram nenhuma informação relevante, era claramente um pseudônimo. Mas enquanto o próprio Nakamoto pode ter sido um quebra-cabeça, a sua criação resolveu um problema que tinha perplexo criptógrafos por décadas. A idéia de dinheiro digital – conveniente e indetectável, liberado da fiscalização dos governos e dos bancos – tinha sido um tema quente desde o nascimento da Internet. Cypherpunks, o movimento de 1990 de criptógrafos libertários, dedicaram-se ao projeto. No entanto, todos os esforços para criar dinheiro virtual tinha fracassado. ECash, um sistema anônimo lançado no início de 1990 por criptógrafo David Chaum, falhou em parte porque dependia das infra-estruturas existentes de empresas de cartão de crédito e do governo. Outras propostas surgiram: bit gold, RPOW, b-money. Mas nenhuma decolou.
A Vanity Fair vê a valorização atual do bitcoin como um sinal do seu maior problema: ele não é uma moeda de verdade, o pessoal tá entrando nisso como “investimento” (ou seja, especulação). A revista dá três motivos pra se manter uma distância segura do bitcoin:
– Se você não consegue descobrir que desenvolveu o instrumento financeiro, fique longe
– Se um hacker pode roubar todo o seu dinheiro acessando o seu computador, fique longe.
– Quando um grande player financeiro se refere a um investimento como parte de um “esquema”, fique longe (O Banco Central europeu publicou um estudo recentemente dizendo que o problema do esquema bitcoin é de assimetria de informação, ou seja, a rapaziada tá entrando nessa sem entender muito bem do que se trata e como a coisa funciona)