reparação

por T. C. Soares em 24 de julho de 2013, um comentário

Alan Turing foi um pai fundador da computação moderna. Sua pesquisa a respeito da tecnologia criptográfica nas décadas de 30 e 40 foi essencial no desenvolvimento de dispositivos de comunicação na Segunda Guerra, e é bem possível que sem seu esforço junto ao governo britânico para quebrar os sistemas criptográficos nazistas a Inglaterra não resistisse a Hitler. Após a guerra, seus estudos sobre o processamento de informação por máquinas foram centrais ao desenvolvimento da noção de inteligência artificial. Sua obra reformulou a ideia do que, enfim, computadores deveriam ser.

Em 1952, Turing foi condenado por ser homossexual – na época, a homossexualidade, associada pelas autoridades à noção de atentado ao pudor, era considerada crime na Inglaterra. Obrigado a escolher entre a cadeia e a castração química, ele preferiu a segunda. E se suicidou não muito tempo depois.

Até hoje o governo britânico não perdoou Turing oficialmente. Mas talvez isso mude, noticiou o The Telegraph.

Até o momento, o governo tem resistido a usar a Prerrogativa Real para perdoar Turing por sua condenação, em 1952, por atentado violento ao pudor pelo motivo de ser homossexual.

(…)

Durante anos, ativistas pediram aos ministros para que revertessem a decisão por causa do papel por ele desempenhado na vitória da Segunda Guerra após inventar, em Bletchley Park, a máquina Colossus para quebrar os códigos de submarinos alemães no Atlântico.

Apesar de seu trabalho, ele foi condenado por atentado violento ao pudor e escolheu como castigo a castração química em vez da prisão. Dois anos depois, cometeu suicídio, aos 41 anos.

Em dezembro passado, o professor Stephen Hawking e outros cientistas renomados escreveram ao The Daily Telegraph pedindo o perdão de Turing, cujo trabalho em Bletchley é considerado essencial para a abreviação da Segunda Guerra Mundial.

Falando na Câmara dos Lordes na sexta-feira, o chefe de bancada Lord Ahmad de Wimbledon disse que o governo não ficaria no caminho de um projeto de lei do Liberal Democrata Lord Sharkey, que oferece a Turing um perdão póstumo completo.


Vale lembrar que em 2009 o então primeiro-ministro, Gordon Brown, fez um pedido de desculpas póstumo – mas este não veio acompanhado do perdão oficial.

Atrasado e tudo, esse perdão é o único gesto possível, acho. Agora só falta oferecê-lo a todas as outras pessoas condenadas pelo mesmo motivo.

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