Jimmy Mubenga era um refugiado político angolano que viveu no Reino Unido desde 1994, por 16 anos. Tinha uma esposa e cinco filhos, todos nascidos por lá e cidadãos britânicos. Até que ele se envolveu em uma briga de bar, foi condenado e sentenciado a deportação. O que se abriu então, segundo as palavras do Guardian, foi “uma história chocante de um sistema de deportação cruel, de racismo e desumanidade”.
Jimmy caiu nas mãos da G4S, a maior empresa privada de segurança do mundo. O relato é do CorpWatch:
Quando Mubenga foi levado ao vôo 77 da British Airways de Londres para Angola, foi tratado “pior do que um animal”, disse a esposa de Mubenga, Adrienne Makenda Kambana. Kevin Wallis, um engenheiro de petróleo que estava sentado na fila da frente, disse que viu os seguranças “segurando-o para baixo” e Mubenga estava “gemendo”.
Deportados muitas vezes são levados para fora do Reino Unido por empresas de segurança em vôos comerciais, sob a Lei de Imigração 1971. Outros são levados em voos especialmente fretados. No entanto, se os deportados lutarem, os pilotos costumam fazer desembarcar os agentes da empresa contratada. A fim de evitarem serem expulsos, guardas de segurança desenvolveram uma técnica chamada “karaokê de tapete”, que envolve empurrar para frente “um deportado que está sentado e com cinto de segurança afivelado”, fazendo com que ele “cante para o tapete” “e seus gritos e choros sejam abafados”. As aspas são de um relatório de 2011 intitulado “Out of Control” escrito pela Anistia Reino Unido.
Antes do vôo decolar, Mubenga parou de gemer e ficou em silêncio. Uma ambulância foi chamada e ele foi declarado morto.
O caso aconteceu em 2010, mas os três agentes da G4S foram condenados por assassinato recentemente.
O quê a privatização tem a ver com isso?, você pergunta.
O inquérito que resultou na condenação dos agentes descortinou a realidade maquiada das “indústria da remoção”, em que as deportações são um serviço lucrativo com contratos milionários. “A G4S era paga por hora e se a deportação falhasse o lucro iria pro ralo. A remuneração dos agentes era por hora trabalhada . Era importante fazer o serviço, incentivos financeiros eram dados se as remoções acontecessem com sucesso.” As aspas são do advogado da família de Mubenga.
A G4S não trabalha mais para o Reino Unido. Porém, em seu lugar, foi contratada a Tascor, uma subsidiária da Capita, que recontratou muitos dos agentes e supervisores da G4S.
A família de Mubenga está processando a G4S.