Esses caras querem hackear a internet.
A princípio, eles se parecem com qualquer outro bando de geeks. Mas então você percebe que um deles é Ward Cunningham, o homem que inventou o wiki, a tecnologia que sustenta a Wikipedia. E há Kevin Marks, ex-vice-presidente de serviços web da British Telecom. Ah, e reconheça Brad Fitzpatrick, criador do pioneiro site de blogs LiveJournal – e, mais recentemente, programador a trabalhar na sala de máquinas do império online Google.
Apertados numa pequena sala de conferências, esse variado bando de desenvolvedores de software tem um pedigree digital descomunal, e uma missão a cumprir. Eles esperam fazer o jailbreak da internet.
Eles chamam a coisa de movimento Indie Web, um esforço para criar uma rede que não é tão dependente de gigantes da tecnologia como o Facebook, o Twitter, e, sim, o Google – uma web que pertence não a um indivíduo, ou a uma empresa, mas a todos. “Eu não confio em mim mesmo”, diz Fitzpatrick. “E eu não confio em empresas.” O movimento surgiu de um projeto online igualitário lançado por Fitzpatrick antes de entrar no Google. Ao longo dos últimos anos, a proposta juntou cerca de cem outros programadores de todo o mundo.
O trecho acima é de uma matéria da Wired sobre o IndieWebCamp, encontro de pesquisadores e desenvolvedores envolvidos com o movimento Indie Web.
Basicamente, a ideia é oferecer um ecossistema online aberto que, em vez de substituir os espaços proprietários de socialização e tráfego de dados dominado por gigantes como Facebook e Google, dialogue com essas redes fechadas. Mais ou menos como abrir frestas nas paredes dos silos das redes sociais e dos serviços oferecidos por essas grandes empresas, permitindo que dados e informações fiquem não apenas na mão dessas companhias – e, sendo o caso, garantir que usuários e usuárias da internet tenham a opção de usar ferramentas de comunicação abertas, que possam guardar seus dados em servidores próprios ou comunitários.
Na verdade, ao que parece o movimento é ainda bem novo. Mas é possível que a coisa cresça. Eu, pelo menos, não me sinto tão bem com a ideia de minha vida online ser propriedade do Facebook, trancada na caixa-forte deles. E o fato de alguns governos andarem com a chave desse cofre no bolso não ajuda.