No começo desta semana, a Rússia prendeu um embaixador dos EUA acusado de espionagem. Pelas alegações de Moscou, o americano, chamado Ryan Fogle, estaria envolvido numa ação de cooptação de funcionários russos para que trabalhassem junto ao serviço de inteligência dos Estados Unidos. Tudo bem que na sequência ele foi liberado e entregue a funcionários do Departamento de Estado dos EUA. Mas deu aquele gostinho de Guerra Fria no noticiário da semana.
Agora legal mesmo foi saber que o alegado espião curtia compartilhar sua agenda de trabalho com os amigos da timeline do Facebook.
O perfil de Ryan Fogle no Facebook é marcado como privado – nenhuma informação ou foto pessoal estão disponíveis para o público -, mas o jovem diplomata tem mais de 200 amigos na rede social. O Wall Street Journal teve acesso a pedaços do perfil de Fogle através de seus amigos, e os relatos que oferece chegam a “detalhes sobre sua vida social, contatos e planos de viagem.” Esses detalhes incluem fotos de um bunker da Guerra Fria em Moscou e brincadeiras com os colegas sobre seus planos de viagem, incluindo rotas de vôo e as datas em que pretende viajar.
Enquanto agentes da CIA seriam supostamente encorajados a manter uma presença bastante ativa na mídia social, não deveriam publicar detalhes de projetos de trabalho ou viagens. Eles são, porém, liberados para incluírem fotos e notas pessoais de viagem, o que poderia explicar a divulgação dos planos de voo de Fogle como uma cobertura – o suposto espião deveria se passar por um diplomata regular.
O Wall Street Journal também mergulha no dilema das amizades de Facebook entre colegas de trabalho: funcionários que atuam à paisana mas são amigos em mídias sociais poderiam ser expostos através de análise de contatos, diz o jornal. Mas ao mesmo tempo, “de-friendings” em massa poderiam alertar para seu status de infiltrado.
De todo modo, pra além dos conhecidos problemas nos serviços e na política de privacidade do Facebook, a Rússia também parece ter alguma tecnologia do stalking em redes sociais. Não faz muito tempo, surgiram acusações de que a rede social mais popular do país repassaria os dados de todos seus usuários para o Kremlin.