paranóico morreu de velho

por Rafael Evangelista em 19 de julho de 2013, 3 comments

O Putin mandou a geral voltar a usar máquina de escrever e você deu risada né?

Bom, ele pode não estar tão errado. De acordo com a teoria do veterano do Vale do Silício e ex-funcionário da Força Aérea dos EUA, Steve Blank, Intel e Microsoft, a mando da NSA, podem ter inserido softwares espiões direto nos chips. Diz ele:

Eu achei que a parte mais interessante foi a outra afirmação [vinda dos vazamentos do Snowden], “que a NSA já tinha acesso à criptografia pré-fase de acesso ao e-mail no Outlook.” O quê? Eles podem ver o texto original no meu computador antes de criptografá-lo? Isso bate qualquer/todos os métodos de criptografia. Como puderam fazer isso?

(…)

É inevitável que os microprocessadores complexos tenham bugs ao serem produzidos. Quando os primeiros microprocessadores foram entregues aos consumidores a única coisa que você podia esperar é que o bug não travasse o computador. A única maneira do fornecedor de chip  resolver o problema seria revisar fisicamente o chip e produzir uma nova versão. Mas os fabricantes de computadores e usuários seriam prejudicados com aquele chip antigo já no mercado. Depois de um erro de matemática particularmente embaraçoso, em 1994, que custou à Intel 475 milhões dólares, a empresa decidiu resolver o problema, permitindo aos microprocessadores carregarem correções automaticamente quando o computador é iniciado.

A partir de 1996, desde o Intel P6 (Pentium Pro) até os chips P7 de hoje (Core i7), esses processadores contêm instruções que são reprogramáveis ​​no que é chamado de microcódigo. A Intel pode corrigir erros nos chips ao reprogramarem o microcódigo dos microprocessadores com um patch. Esse patch, chamado de atualização de microcódigo, pode ser carregado em um processador usando instruções de CPU especiais reservadas para esta finalidade. Essas atualizações não são permanentes, o que significa que cada vez que você ligar o computador seu microprocessador é redefinido para o microcódigo original e a atualização deve ser aplicada novamente (através da BIOS de um computador.).Desde 2000, a Intel liberou 29 atualizações de microcódigo para seus processadores. O microcódigo é distribuído pela 1) Intel; ou 2) Microsoft, integrado em uma BIOS; ou 3) como parte de uma atualização do Windows. Infelizmente, a atualização de microcódigo é não documentada e o código é criptografado. A Intel faz isso para certificar-se de que terceiros não façam adições não autorizadas nos chips. Mas isso também significa que ninguém pode olhar para dentro para entender o microcódigo, o que faz com que seja impossível saber se alguém está metendo um backdoor em seu computador.

Vale ler o post original que é cheio de links.

Caras, essa história é bastante exemplar sobre como o sistema de propriedade intelectual é zoado, como o mercado de computação é zoado e como software e HARDWARE abertos são importantes.

Embora as máquinas sejam nossas, objetos comprados por nós, se as intruções são fechadas nós não as controlamos de verdade. Pior, as máquinas continuam controladas pelos produtores. E isso inclui jogar nos chips umas instruções que a gente não sabem quais são, para fazer sei lá o quê.

Quando o figura fala que a Intel encripta/fecha o código dos chips para evitar a alteração por terceiros ele está dizendo que a Intel, embora venda o chip para você, não trata o chip como seu, mas como propriedade dela, licenciada a você. Quer dizer, você compra o chip mas, na melhor das hipóteses, se quiser melhorá-lo, não pode. Na pior das hipóteses você é só espionado mesmo.

Abração aí, Obama, beijo na Michelle. Falou aí, Gates, beijoca na Melinda.

entraram o obama, um padre e um papagaio num bar

por T. C. Soares em 17 de julho de 2013, um comentário

Um alemão fez no Facebook uma piada sobre a espionagem online dos EUA e acabou com policiais tocando sua campainha.

Se alguém ainda duvida que é potencialmente vigiado online pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos, ou que suas agências compartilham informações com países que não deveriam espionar seus cidadãos, diga olá a um alemão de 28 anos chamado Daniel Bangert.

Bangert fez uma brincadeira no Facebook e criou um evento: uma caminhada para a observação de espiões da NSA em torno do chamado Complexo Dagger, uma instalação militar dos EUA perto de Griesheim, sul de Frankfurt. O evento tem sua descrição feita de forma humorística, utilizando termos você associaria a um evento de amantes da natureza, falando coisas sobre “o habitat ameaçado de espiões da NSA” etc.

Quatro dias depois, a polícia alemã apareceu na porta de Bangert para questioná-lo sobre sua suposta “demonstração” — bem como, aparentemente, sobre inexistentes vínculos com anarquistas. Ele negou ter quaisquer ligações do tipo, ou que estivesse planejando algum tipo de manifestação. De todo modo, a polícia pediu que ele obtivesse uma autorização. E pediram que não contasse a qualquer pessoa online sobre a visita que tinha recebido.

Do GigaOm.

um conselho do melhor amigo do homem

por T. C. Soares em 16 de julho de 2013, Comentários desativados em um conselho do melhor amigo do homem

Cientistas estão bolando um jeito de permitir que seu cachorro fale com você.

A idéia básica por trás do projeto é combinar a tecnologia com a esperteza canina. Cães são alguns dos melhores dispositivos de segurança existentes. Eles podem fazer de tudo, de farejar uma bomba a detectar câncer. Uma coisa na qual não são muitos bons, porém, e por razões óbvias, é se comunicar com as pessoas.

É aí que entra o FIDO. Um dispositivo de sensor/transmissor é ligado à coleira, ao peitoral ou ao manipulador do cachorro. Digamos que o cão vá detectar algum tipo de câncer, e descubra problemas intestinais em algum doente. Ele pode, então, acionar o sensor apropriado ao “morder, puxar, ou colocar a boca em suas proximidades”, explica a Technology Review. Cada sensor corresponderia a um odor diferente (ou neste caso, a alguma forma de câncer), e com treinamento os cães aprenderiam a associar um aroma especial ao sensor específico. Após o sensor ser disparado, a informação pode ser transmitida para algum dispositivo ou diretamente para a orelha do manipulador, o que efetivamente permitiria comunicação de cão para humano.

Segundo a PopSci, essa tecnologia poderia ser usada nos trabalhos caninos das forças policiais e militares, em ações médicas auxiliadas por cachorros, ou mesmo no conforto do seu lar. Finalmente uma boa desculpa para aquela almofada destruída.

o grande vazamento

por T. C. Soares em 4 de julho de 2013, 2 comments

Como garantir um disco de platina pro seu novo álbum alguns dias antes dele chegar às lojas?

Hoje a internet acordou com a notícia do vazamento do novo álbum do Jay-Z, “Magna Carta Holy Grail”. Alguns dias antes do marcado para sua chegada às prateleiras, o disco já semeava torrents e habitava links de compartilhamento de arquivo. E, pelo visto, tudo bem.

Porque esse vazamento, ao que parece, foi quase um vazamento com hora marcada pela indústria. Sua distribuição online passou por um acordo de distribuição digital entre Jay-Z e a Samsung, que teria pago US$ 20 mi ao artista para oferecer o disco em primeira mão para um milhão de usuários de seus dispositivos móveis. E a data marcada pra baixar o álbum foi o dia de hoje. E é lógico que na hora o povo já subiu o disco pra rede.

De todo modo, a coisa toda aponta para uma nova estratégia conjunta entre grandes players da tecnologia e da cultura. Para a Samsung, parece que o lance era mais a respeito de ser parte do processo e ganhar uns pontos de protagonismo na cultura de rede. Pro Jay-Z, rola de cara a garantia de faturar o disco de platina por conta do um milhão de downloads iniciais – e, de quebra, há a ampla circulação do álbum pela rede, o que articula rapidamente sua divulgação e apropriação pelo público.

É muita coisa acontecendo.

Com informações da The Verge.

$olução anti-drones: tratar aqui

por Rafael Evangelista em 28 de junho de 2013, Comentários desativados em $olução anti-drones: tratar aqui

Drones não são legais, invadem a privacidade, a gente sabe.

Só que a coisa chegou a um ponto que o medo dos drones já virou oportunidade de negócio (ah, o capitalismo, ele se auto-regula que é uma beleza). Sim, de acordo com o Gizmodo  já tem empresa explorando o medo dos drones e oferecendo serviços para garantir a sua privacidade aérea. É a Domestic Drone Countermeasures.

O dono da empresa start up, que vem do setor privado de segurança, diz que “não é que os drones são ruins, são as pessoas” – mais ou menos o que as associações de armas dizem dos seus brinquedos – e que ele sentiu que o público anda inseguro quanto à sua privacidade.

OK, amigo. Mas vale também ressaltar esse alerta da União de Liberdades Civis dos EUA, que diz que “Todas as peças estão se juntando para que a vigilância aérea vire rotina na vida americana, algo que vai alterar profundamente o caráter da vida pública nos EUA”

Eles soltaram um relatório, que é bem bacana. É de 2011, mas vale ler.

tem um drone atrás de você

por T. C. Soares em 5 de junho de 2013, Comentários desativados em tem um drone atrás de você

Uma equipe do CyLab Biometrics Center, laboratório da Carnegie Mellon University, está desenvolvendo uma tecnologia que pode acabar pra sempre com a sua privacidade.

Com apenas uma imagem de rosto, os computadores vão compará-lo a milhões de retratos da carteira de motorista e fotos em sites de mídia social num banco de dados. A partir daí, o computador ligará a informação a seu nome e a outros detalhes, como o seu número da Segurança Social, preferências, passatempos, família e amigos.

Combinando essa capacidade a drones com habilidade de voar em espaços onde aviões não podem – máquinas que podem rastrear uma pessoa se movendo e permanecer no ar por dias – isso significa que as pessoas abrirão mão de vez de sua privacidade, bem como do conceito de anonimato.

“Estamos acostumados a viver em uma sociedade onde os nossos movimentos não são controlados ao irmos de um lugar a outro, e que isso venha a acontecer é uma enorme transição “, disse Jennifer Lynch, advogada da Electronic Frontier Foundation, uma entidade sem fins lucrativos baseada em São Francisco que trabalha para proteger os direitos digitais e privacidade.

subsidiárias da Apple funcionam em iClouds onde não há Estado nem impostos

por Rafael Evangelista em 23 de maio de 2013, Comentários desativados em subsidiárias da Apple funcionam em iClouds onde não há Estado nem impostos

Quando os paraísos fiscais não são baratos o bastante…

Parece que a a Apple está levando a sério demais a falácia de que conteúdos em nuvem não existem em lugar nenhum. Tão a sério que a está usando para evitar o pagamento de bilhões de dólares em impostos, tanto nos EUA quanto no exterior.

Do NYTimes

Investigadores do Congresso descobriram que algumas das subsidiárias da Apple não tinham funcionários e foram em grande parte dirigidas por altos funcionários da sede da empresa em Cupertino, na Califórnia Mas, localizando-os oficialmente em lugares como a Irlanda, a Apple foi capaz de, com efeito, torná-las sem Estado – isentas de impostos, manutenção de registos legais e da necessidade de as subsidiárias apresentarem até mesmo declarações fiscais em qualquer lugar do mundo.

Ainda assim:

Os investigadores não acusaram a Apple de violar nenhuma lei e a empresa não é a única multinacional americana a enfrentar escrutínio sobre a utilização de estruturas empresariais complexas e paraísos fiscais para contornar impostos. Nos últimos meses, revelações de autoridades europeias sobre as estratégias de evasão fiscal utilizadas pelo Google, Starbucks e Amazon têm despertado a ira pública, estimulando vários governos europeus (…) a discutirem medidas para sanar as brechas legais.

E a cara de pau:

Ainda assim, o caso da Apple é notável​​, tanto para a enorme quantidade de dinheiro envolvido quanto pela audácia da empresa em afirmar  suas subsidiárias estão além do alcance de qualquer autoridade tributária

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passeie na Disney sem colocar a mão na carteira!

por Rafael Evangelista em 22 de maio de 2013, Comentários desativados em passeie na Disney sem colocar a mão na carteira!

É isso mesmo! Pode deixar que o Mickey pega o dinheiro pra você!

Tanta ~facilidade~ só poderia ter um nome fantástico: MagicBand, a pulserinha spychip do Pateta. Ok, o slogan fui eu que inventei mas o nome é esse mesmo: MagicBand porque se trata de uma wristband com RFID que a Disney pretende colocar para funcionar em seus parques ainda neste ano. Com ela, você vai poder fazer compras eletronicamente, abrir a porta de seu quarto de hotel, estacionar o carro sem pegar papelzinho e, se for mais ousado e desencanado com a privacidade, poderá ser cumprimentado pelo nome pelos personagens do seu Walt..

O RFID é um chip milimétrico, nesse caso instalado em uma pulseira, que emite dados a curtas distâncias. Tem sido testado principalmente em esquemas anti-furto (a matéria do Independent que estou usando como fonte fala de um experimento em que barbeadores Gillete equipados com RFID foram monitorados por câmeras, que acompanhavam seu percurso pelos corredores de um supermercado).

O Coachella, popular festival da Califórnia, usa um sistema com RFID. Steve Daly, um cara pago pelos fabricantes da tecnologia, vende o peixe dele:

“Você pode colocar diferentes módulos sobre ele: ingressos e controle de acesso, pagamentos sem papel, integração de mídia social … Então você pode ter dessa pessoa dados cadastrais – sua idade, código postal -, juntamente com o que eles gostam de consumir, quem são seus amigos e onde eles gostam de se socializar. Este é um dado muito rico que não é realmente disponível em qualquer outro lugar. ”

É isso aí, além de pagar o ingresso você ainda entrega seu perfil de consumidor pros caras. Mas, poxa, o treco pode postar automaticamente no Facebook que show você tá vendo, massa né?

O que desperta o receio dos que questionam o uso da tecnologia é a integração de dados, que se torna possível e fácil, praticamente trivial. A anonimização é, em tese, possível, mas isso tira pouco do valor de uso comercial dos dados pessoais. Além disso, dada as facilidades, a questão de aderir ou não ao sistema se torna uma falsa escolha: números da própria indústria apontam que a aceitação vai pra mais de 90%.

 

 

Joguinhos são a nova Hollywood (um sobre uso de dados pessoais)

por Rafael Evangelista em 22 de maio de 2013, Comentários desativados em Joguinhos são a nova Hollywood (um sobre uso de dados pessoais)

Nem Costa-Gavras nem Oliver Stone me deixam mentir: filmes sempre foram uma empreitada cultural bem eficaz para se dar um toque sobre coisas políticas que andam rolando e despertar o AWARENESS na galera.

Agora tem rolado isso com jogos também, ao que parece. O que é massa porque é muito mais barato.

Tava aqui com um link na manga de um game sobre vigilância. Não encontrei mas me deparei com este outro, sobre dados pessoais. Ótimo, porque esse é um assunto importantíssimo (tem gente que diz que o capitalismo tá se refazendo em cima disso) mas intangível pra diabo. Se liguem:

 

Jogue o lml DEMO lml lá: http://datadealer.com/play/

agora você também pode

por T. C. Soares em 20 de maio de 2013, Comentários desativados em agora você também pode

O governo dos EUA publicou um livro ensinando agentes secretos a espionar a internet. E você pode baixar o PDF.

O tomo de 643 páginas, chamado “Untangling the Web: A Guide to Internet Research” (.pdf) (em português, “Desembaraçando a Web: Um Guia Para Pesquisas na Internet”), foi lançado pela NSA (sigla para National Security Agency). O ato foi uma resposta a uma requisição do FOIA (sigla para Freedom of Information Act) apresentado em abril pelo MuckRock, um site que cobra taxas para processar registros públicos para ativistas e outros.

O livro foi publicado pelo Centro de Conteúdo Digital da National Security Agency, e está cheio de conselhos para a utilização de motores de busca, do Internet Archive e de outras ferramentas online. Mas o mais interessante é o capítulo intitulado “Google Hacking”.

Digamos que você é um ciberespião da NSA e quer informações sensíveis privilegiadas sobre empresas na África do Sul. O que fazer?

É só buscar planilhas confidenciais do Excel que a tal empresa tenha inadvertidamente publicado online digitando no Google “filetype:xls local:za confidencial”, explica o livro.

Quer encontrar planilhas cheias de senhas na Rússia? Digite “filetype:xls local:ru login” Mesmo em sites escritos em idiomas diferentes, os termos “login”, “UserID” e “password” são geralmente em inglês, apontam prestativamente os autores.

A National Security Agency (Agência de Segurança Nacional, em inglês) é o órgão de inteligência responsável pelo monitoramento de informações e sistemas criptográficos nos EUA. O livro pode ser encontrado aqui.

(Da Wired)