muito complicado ser espião no facebook

por T. C. Soares em 17 de maio de 2013, Comentários desativados em muito complicado ser espião no facebook

No começo desta semana, a Rússia prendeu um embaixador dos EUA acusado de espionagem. Pelas alegações de Moscou, o americano, chamado Ryan Fogle, estaria envolvido numa ação de cooptação de funcionários russos para que trabalhassem junto ao serviço de inteligência dos Estados Unidos. Tudo bem que na sequência ele foi liberado e entregue a funcionários do Departamento de Estado dos EUA. Mas deu aquele gostinho de Guerra Fria no noticiário da semana.

Agora legal mesmo foi saber que o alegado espião curtia compartilhar sua agenda de trabalho com os amigos da timeline do Facebook.

O perfil de Ryan Fogle no Facebook é marcado como privado – nenhuma informação ou foto pessoal estão disponíveis para o público -, mas o jovem diplomata tem mais de 200 amigos na rede social. O Wall Street Journal teve acesso a pedaços do perfil de Fogle através de seus amigos, e os relatos que oferece chegam a “detalhes sobre sua vida social, contatos e planos de viagem.” Esses detalhes incluem fotos de um bunker da Guerra Fria em Moscou e brincadeiras com os colegas sobre seus planos de viagem, incluindo rotas de vôo e as datas em que pretende viajar.

Enquanto agentes da CIA seriam supostamente encorajados a manter uma presença bastante ativa na mídia social, não deveriam publicar detalhes de projetos de trabalho ou viagens. Eles são, porém, liberados para incluírem fotos e notas pessoais de viagem, o que poderia explicar a divulgação dos planos de voo de Fogle como uma cobertura – o suposto espião deveria se passar por um diplomata regular.

O Wall Street Journal também mergulha no dilema das amizades de Facebook entre colegas de trabalho: funcionários que atuam à paisana mas são amigos em mídias sociais poderiam ser expostos através de análise de contatos, diz o jornal. Mas ao mesmo tempo, “de-friendings” em massa poderiam alertar para seu status de infiltrado.

De todo modo, pra além dos conhecidos problemas nos serviços e na política de privacidade do Facebook, a Rússia também parece ter alguma tecnologia do stalking em redes sociais. Não faz muito tempo, surgiram acusações de que a rede social mais popular do país repassaria os dados de todos seus usuários para o Kremlin.

todo mundo agora

por T. C. Soares em 17 de maio de 2013, um comentário

Dois desenvolvedores chamados Stephen LaPorte e Mahmoud Hashemi criaram um mapa que te permite ver em tempo real as edições feitas na Wikipedia. Usando algumas ferramentas de código aberto, eles construíram uma página que sincroniza geolocalização com a atividade dos usuários contribuintes da Wikipédia em várias línguas, e o resultado aparece mais ou menos assim:

wikipedia

Acompanhar a velocidade e amplitude do trabalho de edição é uma coisa meio hipnotizante. E dá uma noção do tamanho gigantesco que a Wikipedia ganhou na cultura popular global.

Pra ver é só clicar aqui.

cobaiolândia

por T. C. Soares em 15 de maio de 2013, 2 comments

Larry Page, metade da dupla que fundou o Google, participou hoje de uma seção de perguntas e respostas na conferência anual da companhia. E ele falou que acha uma boa transformar um pedaço do planeta num laboratório desregulado.

Em resposta a uma pergunta sobre como reduzir a negatividade e concentrar-se em mudar o mundo, Page observou que “o ritmo de mudança está aumentando”, e disse que “ainda não adaptamos sistemas para lidar com isso.” Especificamente, ele falou que “nem toda mudança é boa” e lembrou que é preciso construir “mecanismos para permitir a experimentação.”

Foi quando sua resposta ficou realmente interessante. “Há muitas coisas excitantes que podemos fazer que são ilegais ou não permitidas pelas regulamentações”, afirmou Page. “E isso é bom, não queremos mudar o mundo. Mas talvez possamos separar uma parte do mundo.” Ele comparou essa zona de livre experimentação potencial ao Burning Man e disse que precisamos de “alguns lugares seguros onde possamos experimentar coisas e não ter que implantá-las no mundo inteiro.”

o iceberg e seu topo

por T. C. Soares em 14 de maio de 2013, Comentários desativados em o iceberg e seu topo

Esta semana uma das pautas centrais sobre a relação entre poder e imprensa foi a descoberta de que o governo dos EUA teria espionado a Associated Press.

O Departamento de Justiça dos EUA secretamente obteve dois meses de registros telefônicos de repórteres e editores da Associated Press (AP), no que um alto executivo da cooperativa de imprensa chamou de “intrusão enorme e sem precedentes” na forma como as empresas de noticias organizam suas informações.

Os registros obtidos pelo Departamento de Justiça listam chamadas recebidas e efetuadas – bem como a duração de cada conversa – para os números de telefone pessoais e de trabalho de jornalistas, além de números gerais de escritório da AP em Nova York, Washington e Hartford, Connecticut, e o número principal da AP para seus jornalistas na Câmara dos Deputados, afirmam os advogados da companhia.

Ao todo, o governo apreendeu os registros de mais de vinte linhas telefônicas atribuídas à AP e seus jornalistas em abril e maio de 2012. O número exato de repórteres que usaram essas linhas telefônicas durante o período é desconhecido, mas mais de cem jornalistas trabalham em escritórios cujos registros telefônicos receberam grande variedade de histórias sobre o governo e outros assuntos.

A coisa nesses termos já parece meio errada. Mas tudo ganha mais intensidade se levarmos em consideração o depoimento de um ex-agente do FBI dado pouco mais de uma semana antes disso tudo vir à tona

Numa entrevista ainda investigando os atentados de Boston, o ex-agente do FBI Tim Clemente afirmou à CNN que essencialmente toda comunicação digital dos EUA estaria aberta ao escrutínio do governo. E mais que isso: cavando um pouco mais, daria pra afirmar até que a rede de telecomunicações dos EUA seria arquitetada pra facilitar esse trabalho todo. É o que fala um engenheiro sobre sua passagem por uma das principais companhias de telecomunicação dos Estados Unidos, a AT&T:

O ex-engenheiro da AT&T Mark Klein revelou que telecoms teriam construído uma rede especial que permite à Agência de Segurança Nacional (National Security Agency, ou NSA, na sigla em inglês) o acesso completo e irrestrito aos dados das chamadas telefônicas e ao conteúdo das comunicações de e-mail de todos seus clientes. Especificamente, Klein explicou que “a NSA criou, com a colaboração da AT&T, um sistema que ‘chupa’ todos os dados da internet e das chamadas telefônicas” e que “contrariamente à representação que o governo faz, de que seu programa de vigilância visaria terroristas no exterior, …grande parte dos dados enviados através da AT&T para a NSA seria puramente doméstica.” De todo modo, suas revelações surpreendentes foram ignoradas e, quando o Congresso retroativamente imunizou gigantes das telecomunicações por sua participação nos programas de espionagem ilegal de (George W.) Bush, as afirmações de Klein acabaram impedidas de ir a julgamento em tribunal.

Ainda bem que as telecoms só fazem isso em países tipo os Estados Unidos.

pingando a internet inteira

por Rafael Evangelista em 9 de maio de 2013, Comentários desativados em pingando a internet inteira

Olha o desenho aí embaixo. Foi o retorno que um sujeito conseguiu ao tentar fazer um ping na internet inteira.

Você provavelmente nunca ouviu falar de HD Moore, mas até algumas semanas atrás todos os dispositivos de Internet no mundo, talvez incluindo alguns em sua própria casa, foram contactados cerca de três vezes ao dia por uma pilha de computadores em pleno superaquecimento em um quarto. “Eu tenho um monte de equipamentos de refrigeração para garantir que minha casa não pegue fogo”, diz Moore

(…)

Moore já colocou a diversão em pausa. “Isso levou a um monte de reclamações, mensagens de ódio e chamadas de atenção de figuras da lei”, diz ele. Mas os dados coletados revelaram alguns problemas de segurança graves e a exposição de alguns sistemas comerciais e industriais vulneráveis​​, dos tipos utilizados para controlar tudo, desde de semáforos à infra-estrutura de energia.

O censo de Moore envolveu o envio regular de mensagens simples, automatizadas, para cada um dos 3,7 bilhões de endereços IP atribuídos a dispositivos conectados à Internet em todo o mundo (…). Os dois terabytes (2000 gigabytes) de respostas recebidas, vindos de 310 milhões de IPs, mostram que eles vieram de dispositivos vulneráveis, com falhas conhecidas ou configurados de uma maneira que poderia permitir alguém assumir o controle deles.

Matéria da Technology Review

Direitos Civis contra Stingray

por Rafael Evangelista em 9 de maio de 2013, Comentários desativados em Direitos Civis contra Stingray

Segue o bonde da vigilância.

Tem nome de vilão do 007, mas é um dispositivo de vigilância para o qual juízes americanos acabaram de dar um joinha.

O Stingray, às vezes descrito como um “IMSI catcher”, é um transceptor usado pelo FBI para localizar os suspeitos. (…) ele envia um sinal que engana os telefones de uma determinada área, fazendo-os entrar em uma rede falsa. Grupos de liberdades civis questionaram a legalidade da implantação do Stingray, sobretudo porque ele intencionalmente reúne dados de telefones de pessoas inocentes e interfere com os sinais de uma maneira que pode ser considerada ilegal pela Lei Federal de Comunicações.

 

geolocalização como biometria

por Rafael Evangelista em 9 de maio de 2013, Comentários desativados em geolocalização como biometria

Sabe essas câmeras que filmam a Marginal, em São Paulo, só caguetando o pessoal que está furando o rodízio? Pois bem, agora imagina o banco de dados de todas essas câmeras X9 do país inteiro. A EFF não está contente porque, segundo uma pesquisa publicada pela Nature, com esses dados seria possível identificar pessoas com 95% de certeza.

Fotografando uma única placa de licença, uma vez, em uma rua da pública, pode não parecer problemático. Mas quando os dados são colocados em um banco de dados, combinado com outros scans dessa mesma placa em outras ruas da cidade, e armazenados para sempre, ele pode se tornar muito revelador. Informações sobre a sua localização ao longo do tempo pode mostrar não só onde você vive e trabalha, mas suas crenças políticas e religiosas, seus hábitos sociais e sexuais, suas visitas ao médico e suas associações com os outros. E, de acordo com pesquisa recente da revista Nature, é possível identificar 95% dos indivíduos com apenas quatro pontos de dados geoespaciais, selecionados aleatoriamente (local + tempo), fazendo com que os dados de localização se tornem o identificador biométrico último.

Em inglês, que fica mais apoteótico:

THE ULTIMATE BIOMETRIC IDENTIFIER

O original da EFF: Automated License Plate Readers Threaten Our Privacy

aprenda (com a Al Qaeda) a defender-se dos drones israelenses

por Rafael Evangelista em 29 de abril de 2013, Comentários desativados em aprenda (com a Al Qaeda) a defender-se dos drones israelenses

Ó o drone, fica ligeiro maluco!

Vem do Hacked Freedom.

Hoje começo um novo projeto, que vai me levar para o Egito turnê por um mês, pegando esses cartazes contendo 15 instruções para proteger-se dos drones.

As instruções foram elaboradas a partir de documentos da Al-Qaeda, são mais de 10 anos de concepção e experimentação de estratégias para se defender contra drones dos EUA no Afeganistão.

Nestas instruções foram retirada todas as referências à guerra e à al-Qaeda. São projetadas com fins pacíficos e com o único propósito de oferecer aos civis inocentes de uma série de ferramentas para se protegem dos veículos aéreos não tripulados com materiais comuns e/ou com lixo: carros velhos, eletrodomésticos danificados, etc, que podem ser usados para a construção de dispositivos, tais como inibidores de freqüência, cegando de câmeras, etc.

O drone que aparece na foto é o Israel Hebron, é omais comum que sobrevoa o Egito para entrar e sair da Faixa de Gaza e da Península do Sinai.

A península do Sinai, junto com o Afeganistão, Iêmen e Somália, é uma das áreas do mundo com maior presença de drones. Embora os drones de Israel não ataquem diretamente o Egito, apenas em Gaza, as pessoas que vivem perto da fronteira também podem usar essas ferramentas para protegerem seus amigos palestinos.

FBI japonês tentando bloquear o Tor (e presumindo culpa)

por Rafael Evangelista em 24 de abril de 2013, Comentários desativados em FBI japonês tentando bloquear o Tor (e presumindo culpa)

Matéria da Wired UK:

Autoridades no Japão estão tão preocupadas com a sua incapacidade de lidar com crimes cibernéticos que estão pedindo a provedores do país para bloquearem o uso do Tor.

De acordo com o [site] Mainichi, a Agência Nacional de Polícia (NPA, um pouco como o FBI japonês) vai demandar aos provedores que bloqueiem os clientes se eles estiverem “abusando” do Tor. O Tor esconde o tráfego, o que poderia ser lido como uma presunção de culpa de quem anonimiza sua atividade na web.

Isso porque, recentemente, os japoneses foram humilhados por um tal de Demon Killer. O figura espalhou um monte de ameaças de morte em fóruns de discussão e a polícia prendeu algumas pessoas, cujo IP parecia ser a origem. Lógico, apareceram até umas “confissões”. Porém, as ameaças continuaram e a polícia teve que se desculpar e soltar todo mundo.

Problema é que o Tor é uma ferramenta utilíssima em lugares onde a vigilância eletrônica é forte. E essencial para ativistas de todo o mundo. Sem Tor não haveria Wikileaks, por exemplo.

Tor é uma ferramenta valiosa para os ativistas que vivem sob regimes repressivos e para qualquer um que pode querer fazer alguma coisa online anonimamente (como denunciantes, por exemplo). Bem, “abuso” de meios como o Tor não é algo de definição clara. E já que, por definição, você não pode realmente saber o que alguém faz quando está usando o Tor, uma proibição geral parece ser a verdadeira intenção.

Agora vai lá baixar o Tor que é muito massa e fácil de usar: https://www.torproject.org/

 

NetObama, Barackline, ObamaLarga (sugere aí um nome pra internet grátis dos gringos)

por Rafael Evangelista em 24 de abril de 2013, um comentário

Enquanto aqui no Brasil o Plano Nacional de Banda Larga vai de mal a pior, com o Paulo Bernardo pagando de amigão das teles, os Democratas estão criando o seu Bolsa Orkut.

Matéria da Slate fala do subsídio à conexão banda larga, proposto recentemente no Congresso dos EUA

Acesso à Internet de banda larga em breve poderá ser adicionado a um programa do FCC que subsidia serviços telefônicos para os consumidores de baixa renda. Três membros do Congresso introduziram a Lei de Adoção de Banda Larga de 2013, que acrescenta acesso à banda larga como uma opção para Lifeline – um programa FCC começou em 1985 para ajudar as pessoas a pagar por telefones, para que pudessem se conectar ao trabalho, família e serviços de emergência.

(…)

Em uma série de reformas no ano passado, o FCC lançou um programa piloto para adicionar o acesso de banda larga em conjunto com a Lifeline, para telefones fixos e celulares. A nova legislação iria tornar essa oferta de banda larga permanente. As famílias que se qualificam para a assistência só podem obter desconto em um dos serviços, ou seja, eles têm que escolher entre uma conexão de banda larga, um telefone fixo ou um telefone celular.

A Slate faz coro a favor:

Ainda assim, o acesso à Internet de alta velocidade é um aspecto crítico da vida de hoje, e muito mais útil do que um telefone fixo padrão. A Internet é a nossa principal forma de se manter conectado. E subjacente a tudo, desde a procura de emprego para a tecnologia educacional. Em um nível global, os Estados Unidos ocupam o 15 º em termos de adoção de banda larga per capita, ficando atrás de países como Coréia do Sul, Reino Unido e Alemanha. Mesmo tendo a Lifeline problemas no passado, a sua missão é ajudar as pessoas a pagar ligações ao emprego, família e serviços. Quem pode dizer que a Internet não é a melhor maneira de fazer isso?