o grande vazamento

por T. C. Soares em 4 de julho de 2013, 2 comments

Como garantir um disco de platina pro seu novo álbum alguns dias antes dele chegar às lojas?

Hoje a internet acordou com a notícia do vazamento do novo álbum do Jay-Z, “Magna Carta Holy Grail”. Alguns dias antes do marcado para sua chegada às prateleiras, o disco já semeava torrents e habitava links de compartilhamento de arquivo. E, pelo visto, tudo bem.

Porque esse vazamento, ao que parece, foi quase um vazamento com hora marcada pela indústria. Sua distribuição online passou por um acordo de distribuição digital entre Jay-Z e a Samsung, que teria pago US$ 20 mi ao artista para oferecer o disco em primeira mão para um milhão de usuários de seus dispositivos móveis. E a data marcada pra baixar o álbum foi o dia de hoje. E é lógico que na hora o povo já subiu o disco pra rede.

De todo modo, a coisa toda aponta para uma nova estratégia conjunta entre grandes players da tecnologia e da cultura. Para a Samsung, parece que o lance era mais a respeito de ser parte do processo e ganhar uns pontos de protagonismo na cultura de rede. Pro Jay-Z, rola de cara a garantia de faturar o disco de platina por conta do um milhão de downloads iniciais – e, de quebra, há a ampla circulação do álbum pela rede, o que articula rapidamente sua divulgação e apropriação pelo público.

É muita coisa acontecendo.

Com informações da The Verge.

$olução anti-drones: tratar aqui

por Rafael Evangelista em 28 de junho de 2013, Comentários desativados em $olução anti-drones: tratar aqui

Drones não são legais, invadem a privacidade, a gente sabe.

Só que a coisa chegou a um ponto que o medo dos drones já virou oportunidade de negócio (ah, o capitalismo, ele se auto-regula que é uma beleza). Sim, de acordo com o Gizmodo  já tem empresa explorando o medo dos drones e oferecendo serviços para garantir a sua privacidade aérea. É a Domestic Drone Countermeasures.

O dono da empresa start up, que vem do setor privado de segurança, diz que “não é que os drones são ruins, são as pessoas” – mais ou menos o que as associações de armas dizem dos seus brinquedos – e que ele sentiu que o público anda inseguro quanto à sua privacidade.

OK, amigo. Mas vale também ressaltar esse alerta da União de Liberdades Civis dos EUA, que diz que “Todas as peças estão se juntando para que a vigilância aérea vire rotina na vida americana, algo que vai alterar profundamente o caráter da vida pública nos EUA”

Eles soltaram um relatório, que é bem bacana. É de 2011, mas vale ler.

tem um drone atrás de você

por T. C. Soares em 5 de junho de 2013, Comentários desativados em tem um drone atrás de você

Uma equipe do CyLab Biometrics Center, laboratório da Carnegie Mellon University, está desenvolvendo uma tecnologia que pode acabar pra sempre com a sua privacidade.

Com apenas uma imagem de rosto, os computadores vão compará-lo a milhões de retratos da carteira de motorista e fotos em sites de mídia social num banco de dados. A partir daí, o computador ligará a informação a seu nome e a outros detalhes, como o seu número da Segurança Social, preferências, passatempos, família e amigos.

Combinando essa capacidade a drones com habilidade de voar em espaços onde aviões não podem – máquinas que podem rastrear uma pessoa se movendo e permanecer no ar por dias – isso significa que as pessoas abrirão mão de vez de sua privacidade, bem como do conceito de anonimato.

“Estamos acostumados a viver em uma sociedade onde os nossos movimentos não são controlados ao irmos de um lugar a outro, e que isso venha a acontecer é uma enorme transição “, disse Jennifer Lynch, advogada da Electronic Frontier Foundation, uma entidade sem fins lucrativos baseada em São Francisco que trabalha para proteger os direitos digitais e privacidade.

subsidiárias da Apple funcionam em iClouds onde não há Estado nem impostos

por Rafael Evangelista em 23 de maio de 2013, Comentários desativados em subsidiárias da Apple funcionam em iClouds onde não há Estado nem impostos

Quando os paraísos fiscais não são baratos o bastante…

Parece que a a Apple está levando a sério demais a falácia de que conteúdos em nuvem não existem em lugar nenhum. Tão a sério que a está usando para evitar o pagamento de bilhões de dólares em impostos, tanto nos EUA quanto no exterior.

Do NYTimes

Investigadores do Congresso descobriram que algumas das subsidiárias da Apple não tinham funcionários e foram em grande parte dirigidas por altos funcionários da sede da empresa em Cupertino, na Califórnia Mas, localizando-os oficialmente em lugares como a Irlanda, a Apple foi capaz de, com efeito, torná-las sem Estado – isentas de impostos, manutenção de registos legais e da necessidade de as subsidiárias apresentarem até mesmo declarações fiscais em qualquer lugar do mundo.

Ainda assim:

Os investigadores não acusaram a Apple de violar nenhuma lei e a empresa não é a única multinacional americana a enfrentar escrutínio sobre a utilização de estruturas empresariais complexas e paraísos fiscais para contornar impostos. Nos últimos meses, revelações de autoridades europeias sobre as estratégias de evasão fiscal utilizadas pelo Google, Starbucks e Amazon têm despertado a ira pública, estimulando vários governos europeus (…) a discutirem medidas para sanar as brechas legais.

E a cara de pau:

Ainda assim, o caso da Apple é notável​​, tanto para a enorme quantidade de dinheiro envolvido quanto pela audácia da empresa em afirmar  suas subsidiárias estão além do alcance de qualquer autoridade tributária

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passeie na Disney sem colocar a mão na carteira!

por Rafael Evangelista em 22 de maio de 2013, Comentários desativados em passeie na Disney sem colocar a mão na carteira!

É isso mesmo! Pode deixar que o Mickey pega o dinheiro pra você!

Tanta ~facilidade~ só poderia ter um nome fantástico: MagicBand, a pulserinha spychip do Pateta. Ok, o slogan fui eu que inventei mas o nome é esse mesmo: MagicBand porque se trata de uma wristband com RFID que a Disney pretende colocar para funcionar em seus parques ainda neste ano. Com ela, você vai poder fazer compras eletronicamente, abrir a porta de seu quarto de hotel, estacionar o carro sem pegar papelzinho e, se for mais ousado e desencanado com a privacidade, poderá ser cumprimentado pelo nome pelos personagens do seu Walt..

O RFID é um chip milimétrico, nesse caso instalado em uma pulseira, que emite dados a curtas distâncias. Tem sido testado principalmente em esquemas anti-furto (a matéria do Independent que estou usando como fonte fala de um experimento em que barbeadores Gillete equipados com RFID foram monitorados por câmeras, que acompanhavam seu percurso pelos corredores de um supermercado).

O Coachella, popular festival da Califórnia, usa um sistema com RFID. Steve Daly, um cara pago pelos fabricantes da tecnologia, vende o peixe dele:

“Você pode colocar diferentes módulos sobre ele: ingressos e controle de acesso, pagamentos sem papel, integração de mídia social … Então você pode ter dessa pessoa dados cadastrais – sua idade, código postal -, juntamente com o que eles gostam de consumir, quem são seus amigos e onde eles gostam de se socializar. Este é um dado muito rico que não é realmente disponível em qualquer outro lugar. ”

É isso aí, além de pagar o ingresso você ainda entrega seu perfil de consumidor pros caras. Mas, poxa, o treco pode postar automaticamente no Facebook que show você tá vendo, massa né?

O que desperta o receio dos que questionam o uso da tecnologia é a integração de dados, que se torna possível e fácil, praticamente trivial. A anonimização é, em tese, possível, mas isso tira pouco do valor de uso comercial dos dados pessoais. Além disso, dada as facilidades, a questão de aderir ou não ao sistema se torna uma falsa escolha: números da própria indústria apontam que a aceitação vai pra mais de 90%.

 

 

Joguinhos são a nova Hollywood (um sobre uso de dados pessoais)

por Rafael Evangelista em 22 de maio de 2013, Comentários desativados em Joguinhos são a nova Hollywood (um sobre uso de dados pessoais)

Nem Costa-Gavras nem Oliver Stone me deixam mentir: filmes sempre foram uma empreitada cultural bem eficaz para se dar um toque sobre coisas políticas que andam rolando e despertar o AWARENESS na galera.

Agora tem rolado isso com jogos também, ao que parece. O que é massa porque é muito mais barato.

Tava aqui com um link na manga de um game sobre vigilância. Não encontrei mas me deparei com este outro, sobre dados pessoais. Ótimo, porque esse é um assunto importantíssimo (tem gente que diz que o capitalismo tá se refazendo em cima disso) mas intangível pra diabo. Se liguem:

 

Jogue o lml DEMO lml lá: http://datadealer.com/play/

agora você também pode

por T. C. Soares em 20 de maio de 2013, Comentários desativados em agora você também pode

O governo dos EUA publicou um livro ensinando agentes secretos a espionar a internet. E você pode baixar o PDF.

O tomo de 643 páginas, chamado “Untangling the Web: A Guide to Internet Research” (.pdf) (em português, “Desembaraçando a Web: Um Guia Para Pesquisas na Internet”), foi lançado pela NSA (sigla para National Security Agency). O ato foi uma resposta a uma requisição do FOIA (sigla para Freedom of Information Act) apresentado em abril pelo MuckRock, um site que cobra taxas para processar registros públicos para ativistas e outros.

O livro foi publicado pelo Centro de Conteúdo Digital da National Security Agency, e está cheio de conselhos para a utilização de motores de busca, do Internet Archive e de outras ferramentas online. Mas o mais interessante é o capítulo intitulado “Google Hacking”.

Digamos que você é um ciberespião da NSA e quer informações sensíveis privilegiadas sobre empresas na África do Sul. O que fazer?

É só buscar planilhas confidenciais do Excel que a tal empresa tenha inadvertidamente publicado online digitando no Google “filetype:xls local:za confidencial”, explica o livro.

Quer encontrar planilhas cheias de senhas na Rússia? Digite “filetype:xls local:ru login” Mesmo em sites escritos em idiomas diferentes, os termos “login”, “UserID” e “password” são geralmente em inglês, apontam prestativamente os autores.

A National Security Agency (Agência de Segurança Nacional, em inglês) é o órgão de inteligência responsável pelo monitoramento de informações e sistemas criptográficos nos EUA. O livro pode ser encontrado aqui.

(Da Wired)

muito complicado ser espião no facebook

por T. C. Soares em 17 de maio de 2013, Comentários desativados em muito complicado ser espião no facebook

No começo desta semana, a Rússia prendeu um embaixador dos EUA acusado de espionagem. Pelas alegações de Moscou, o americano, chamado Ryan Fogle, estaria envolvido numa ação de cooptação de funcionários russos para que trabalhassem junto ao serviço de inteligência dos Estados Unidos. Tudo bem que na sequência ele foi liberado e entregue a funcionários do Departamento de Estado dos EUA. Mas deu aquele gostinho de Guerra Fria no noticiário da semana.

Agora legal mesmo foi saber que o alegado espião curtia compartilhar sua agenda de trabalho com os amigos da timeline do Facebook.

O perfil de Ryan Fogle no Facebook é marcado como privado – nenhuma informação ou foto pessoal estão disponíveis para o público -, mas o jovem diplomata tem mais de 200 amigos na rede social. O Wall Street Journal teve acesso a pedaços do perfil de Fogle através de seus amigos, e os relatos que oferece chegam a “detalhes sobre sua vida social, contatos e planos de viagem.” Esses detalhes incluem fotos de um bunker da Guerra Fria em Moscou e brincadeiras com os colegas sobre seus planos de viagem, incluindo rotas de vôo e as datas em que pretende viajar.

Enquanto agentes da CIA seriam supostamente encorajados a manter uma presença bastante ativa na mídia social, não deveriam publicar detalhes de projetos de trabalho ou viagens. Eles são, porém, liberados para incluírem fotos e notas pessoais de viagem, o que poderia explicar a divulgação dos planos de voo de Fogle como uma cobertura – o suposto espião deveria se passar por um diplomata regular.

O Wall Street Journal também mergulha no dilema das amizades de Facebook entre colegas de trabalho: funcionários que atuam à paisana mas são amigos em mídias sociais poderiam ser expostos através de análise de contatos, diz o jornal. Mas ao mesmo tempo, “de-friendings” em massa poderiam alertar para seu status de infiltrado.

De todo modo, pra além dos conhecidos problemas nos serviços e na política de privacidade do Facebook, a Rússia também parece ter alguma tecnologia do stalking em redes sociais. Não faz muito tempo, surgiram acusações de que a rede social mais popular do país repassaria os dados de todos seus usuários para o Kremlin.

todo mundo agora

por T. C. Soares em 17 de maio de 2013, um comentário

Dois desenvolvedores chamados Stephen LaPorte e Mahmoud Hashemi criaram um mapa que te permite ver em tempo real as edições feitas na Wikipedia. Usando algumas ferramentas de código aberto, eles construíram uma página que sincroniza geolocalização com a atividade dos usuários contribuintes da Wikipédia em várias línguas, e o resultado aparece mais ou menos assim:

wikipedia

Acompanhar a velocidade e amplitude do trabalho de edição é uma coisa meio hipnotizante. E dá uma noção do tamanho gigantesco que a Wikipedia ganhou na cultura popular global.

Pra ver é só clicar aqui.

cobaiolândia

por T. C. Soares em 15 de maio de 2013, 2 comments

Larry Page, metade da dupla que fundou o Google, participou hoje de uma seção de perguntas e respostas na conferência anual da companhia. E ele falou que acha uma boa transformar um pedaço do planeta num laboratório desregulado.

Em resposta a uma pergunta sobre como reduzir a negatividade e concentrar-se em mudar o mundo, Page observou que “o ritmo de mudança está aumentando”, e disse que “ainda não adaptamos sistemas para lidar com isso.” Especificamente, ele falou que “nem toda mudança é boa” e lembrou que é preciso construir “mecanismos para permitir a experimentação.”

Foi quando sua resposta ficou realmente interessante. “Há muitas coisas excitantes que podemos fazer que são ilegais ou não permitidas pelas regulamentações”, afirmou Page. “E isso é bom, não queremos mudar o mundo. Mas talvez possamos separar uma parte do mundo.” Ele comparou essa zona de livre experimentação potencial ao Burning Man e disse que precisamos de “alguns lugares seguros onde possamos experimentar coisas e não ter que implantá-las no mundo inteiro.”